Capitulo 38 - "Ia conseguir..."

Faltavam poucas semanas para ir para a Alemanha, e estava super ansiosa! Cada país tinha de cantar uma musica tradicional, ou na sua língua (era uma das actividades), então a minha professora de música, que era das storas mais fixes e bem dispostas da escola, resolveu que seria giro fazer-mos uma espécie de “batle”. Como éramos duas raparigas e dois rapazes, formamos pares, e como Amy não quis ficar com Jonathan, o nosso colega de turma que ia connosco, eu fiquei, mas também não me importei. Os ensaios foram sempre divertidos, e cada vez me sentia mais próxima de Dylan, cada vez tinha mais confiança nele, e cada vez precisava mais do seu apoio, dos seus abraços. Não era amor, amor era o que eu sentia por Jeff… Com Dylan era algo diferente… Sabia que podia contar com ele para tudo, e ele era o único rapaz com que eu me sentia realmente à vontade.

As gravações das músicas eram feitas numa pequena arrecadação, e eu e Amy tivemos de gravar algumas musicas como “Lisboa, não sejas francesa” de Amália Rodrigues, bem como “uma casa portuguesa” e os rapazes gravaram mais duas musicas de rap, cujo o nome me era desconhecido… para terminar gravámos mais duas canções, que íamos cantar juntos.

A arrecadação tinha duas partes, divididas por um arco, onde devia estar uma porta, mas não estava para facilitar a passagem. Enquanto a professora via se as músicas estavam em condições, eu e Dylan fomos para a outra parte da arrecadação, e ele abraçou-me. Sentia-me segura com os seus abraços. Eram reconfortantes, e depois de ele me abraçar, ficámos a falar baixinho, e eu tinha a boca dele ao nível dos meus olhos.

Não que eu tivesse vontade de o beijar, mas, ali no escuro, comecei a pensar em como seria um beijo dele… Será que iria gostar? Não conseguia imaginar, visto que ele era só o meu melhor amigo. Já tinha tinha gostado dele, mas foi só platónico, nada de sério, e agora percebia-o, mas, e se esta confiança se começasse a tornar mais que amizade? Era verdade que sentia um carinho muito forte por ele, e uma vontade de estar sempre a abraçá-lo, e sentar-me ao seu colo, mas será que não era só uma amizade forte a crescer? Será que aquilo se estava a tornar em algo mais que isso? E como haveria forma de descobrir?

Dylan começou a aproximar-se de mim, e mesmo sem saber quais eram as intenções dele, achei melhor afastar-me, comecei a andar para perto de Amy e Jonathan, e Dylan foi atrás de mim a abraçar-me com força, quase impedindo-me de andar. Mas não, eu não amava Dylan. E talvez lhe tivesse a dar a ideia errada ao andar sempre a abraçá-lo, mas a verdade é que, mesmo sem o amar, sentia algo especial por ele, e não conseguia suportar o vazio que Jeff deixara sem os seus abraços, ou sem as vezes em que me chamava tosca…

Chegou o dia de ir para a Alemanha! Estávamos todos mais do que entusiasmados, e tive de acordar por volta das 5 da manhã, pois ia para o aeroporto com Amy. Quando chegámos os rapazes já lá estavam, super stressados à nossa espera. Descobrimos que não podíamos ir todos juntos no avião, e os lugares mais perto que haviam era o meu e o de Amy, que estavam apenas separados pelo corredor. Fizemos um choradinho à hospedeira de bordo para que ela nos deixasse ir ver o cokpit, e o piloto deixou. A vista de lá é incrível!

Depois de chegar-mos de avião, fomos ainda umas duas horas de comboio, até chegar-mos ao local. A viajem de comboio não podia ter sido mais animada! Nós os quatro fazíamos o grupo perfeito! Ficámos sentados nas escadas do comboio (tinha umas escadas perto da porta, para descer do comboio) e passámos os caminho todo a rir, com as duas storas que iam connosco a mandarem-nos falar baixo de três em três minutos. Fizemos apostas, tirámos fotos, foi uma maravilha! Quando chegámos, estávamos tristes de nos ir-mos separar, mas ansiosos por saber com quem ia-mos ficar! A rapariga com quem eu fiquei parecia ser uns dois anos mais velha que eu, apesar de ser mais nova, o que me fazia sentir um pouco inferior…

Cheguei a casa dela, que se chamava Laura, e descobri que a sua família falava espanhol… Por isso, ao jantar um falava em Alemão, e o outro respondia em Espanhol, então apanhei parte das conversas… No dia seguinte acordei mais do que muito cedo, o que me custou bastante, e fomos para a escola. Ela falava muito bem inglês, o que me fazia sentir novamente inferior… O nosso grupo era o que mais falava, apesar de sermos só quatro… No primeiro dia foi quando tivemos de fazer a actuação, e Laura esticou-me o cabelo. Ficou lindo, e Amy ficou chocada por ver que ele era muito mais comprido do que parecia… Foi esse o dia da actuação, e a nossa era a mais comprida, então já todos estavam aborrecidos a meio, mas na ultima musica, que falava do verão, eu e Amy tirávamos as saias que tínhamos usado para cantar o fato, e ficámos só com uns mini calções, e claro que nessa altura a plateia assobiou, e ficou um pouco mais mexida. Depois foi dançar o resto da “noite”, e assim que cheguei a casa, adormeci que nem uma pedra!

Os outros dias foram passados só com Amy, porque os rapazes foram para outro grupo. Claro que nem eu nem ela falávamos bem inglês, e como ela era muito insegura, não falava mesmo nada, e como ela não falava, eu não falava também… Passamos os dias a rir que nem umas doidas, a tirar fotos e fazer filmes sem pés nem cabeça. A nossa stora também se estava sempre a rir das nossas parvoíces, então os dias foram do melhor que se podia imaginar!

Sem dar por isso já estávamos de volta a casa, às aulas, ao Jeff.. Claro que tudo continuava difícil... Difícil esquecê-lo, difícil vê-lo com a amiguinha, sempre a conversarem, difícil tê-lo ao meu lado e saber que o tinha de esquecer... Mas tinha de conseguir... Ia conseguir...